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Arquitetos: i/thee
- Área: 20 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Breyden Anderson
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Fabricantes: Jeld-Wen, LaHabra, Quikrete
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Kerplunk é um projeto experimental inspirado nos espaços intuitivos criados pelo homem na natureza; não é uma arquitetura que procura mimetizar-se com ela, mas que pretende integrar-se completamente ao meio ambiente no qual está inserida. É como embrenhar-se em uma floresta ou percorrer as ruelas de uma cidade medieval, onde embora existam padrões de organização, eles não são nem um pouco evidentes. Esta lógica inata da natureza, ou da natureza do homem, se revela na precariedade estrutural cuidadosamente projetada da casa, a qual pretende criar uma espécie de conforto primitivo, encontrado apenas na natureza.
Construída em meio ao deserto, a Casa Kerplunk é a primeira infra-estrutura projetada para o centro de visitantes de Ocotillo. Com o passar dos anos, a flora do deserto deverá ser recuperada, cobrindo todo o entorno da casa. Concebida como uma habitação mínima onde também é possível trabalhar, criamos um espaço interior tão rico como a paisagem do deserto que o cerca, utilizando materiais locais e técnicas construtivas vernaculares.
A estrutura é composta por dois espaços independentes, dois volumes cúbicos suspensos por uma série de palafitas aparentemente aleatórias que atravessam as paredes em todas as direções. Janelas e portas foram abertas nos interstícios destes elementos. Com uma interferência mínima no terreno, este espaço elevado pousa suavemente sobre a paisagem natural permitindo que a natureza flua livremente por baixo da casa. A rusticidade dos acabamentos e o trabalho em madeira são elementos incorporados nas técnicas construtivas tradicionais da região.
Normalmente, o projeto de uma casa se inicia com a organização e o arranjo dos espaços e posteriormente se incorpora o desenho da estrutura em formas de pilares, vigas e lajes. Neste projeto, primeiro concebemos uma floresta de pilares de madeira onde depois decidimos amarrar as nossas paredes, pisos e lajes. Buscando inspiração na paisagem do deserto, procuramos desenvolver uma linguagem arquitetônica singular, recontextualizando seus elementos estruturais em forma de troncos que brotam da areia. Como resultado disso alcançamos uma ampla integração entre o exterior e o interior, na qual a natureza onde a casa está inserida se reflete diretamente nos espaços interiores. Com o projeto da Casa Kerplunk, criamos uma nova maneira de experimentar a vida em meio a natureza, evocando os espaços mais primitivos criados pelo homem; como se estes pequenos volumes estivessem virados do avesso, incorporando a rica paisagem do entorno em cada pequeno detalhe de seus espaços.
O projeto instiga as pessoas a interagir diretamente com o ambiente construído e natural, principalmente forçando uma adaptação aos seus espaços pouco usuais. Ineficiências e indefinições incitam respostas intuitivas dos seus usuários. Desta forma, o programa do edifício torna-se resultado da improvisação de seus habitantes. Ao permitir que os usuários procurem e encontrem novas maneiras de interagir com o espaço, algo que aparentemente não é definido ou racional acaba se desdobrando em infinitas possibilidades de apropriação. O projeto da Casa Kerplunk é um questionamento da própria natureza da arquitetura, sugerindo que talvez o papel principal de um arquiteto seja criar espaços abertos onde cada ser humano pode encontrar sua própria maneira de habitá-lo.